quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Emudecer-se aos cretinos

O incansável crítico que despejava impropérios ao que o incomodava emudeceu. O atento observador das discrepâncias humanas e sociais cessou. O provocador que atraía polêmicas saiu de cena. O tão elogiado por opinar sem freio nas análises, resolveu dar um basta. Entende que ficar na frente de batalha como escudo aos covardes que conjugam da mesma opinião, mas que evitam melindres com os opositores, é proteger inimigos ocultos. 
O silêncio em nada representa omissão. É silêncio. É olhar a partir da própria quietude, controlada para não virar explosão de palavras ditas e escritas. É notar o quanto a polêmica em nada é exclusividade de quem magnetiza desafetos. Opinar causa estragos. Opinar não o estraga. Opinar com despreparados é intragável. Absorver aridez alheia é polemizar com a própria sanidade.
A palavra interrompida, a escrita amarrada e apenas o olhar atento desferem contra o revés de perceber opositores fantasiados de aliados. Que o chamam para conversar. Nunca para participar. O grau de qualidade de quem opina, pensa, interpreta e não mede letras é avaliado pelo quanto vale até não incomodar. 
Que o silêncio, a reclusão e a observância ensinem a ser menos tolo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário