quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Por favor, (não) contratem o Plínio!

Dificilmente cito nomes das personagens em minhas crônicas. Não me perguntem os critérios (ou a falta deles). Quem sabe seja para criar mistérios. Ou para sugerir pistas. Ou porque inventei de elaborar novo estilo de crônica (invencionice que só vai massagear meu ego). Em alguns casos, a depender da temática, para preservar as fontes. E não esgotá-las.
Abro exceção a Plínio. Amigo, compadre, que faz par comigo na alegria, na tristeza, na saúde e na doença e, ainda bem, enquanto a vida nos une há 27 anos (ou como estaria na imaginária placa em frente à empresa “Desde 1988”). Jornalista diplomado, porém com pouca atuação na área e, por isso, um dos melhores jornalistas que conheci. Principalmente no âmbito esportivo. Eu poderia aqui despejar elogios aos recentes 50 anos que ele completou, mas meu propósito é destacar o comentário que ele me fez hoje (22 de outubro) sobre o assunto que lhe é peculiar: futebol.
Plínio não se limita ao esquema “quatro-quatro-cinco-meia” ou “aos avanços do ataque em função da rapidez dos volantes” ou “tal time adquiriu gordura na pontuação” (essa tal “gordura” foi uma das piores metáforas que “engordaram” o jornalismo e quase todo mundo copiou). Ele é sensato, objetivo, fala o que poucos têm coragem de dizer. E, novamente, por isso é um dos meus jornalistas preferidos. Não traz o vício dos coleguinhas (maioria) que diz “graças a mim, tal político caiu”, “se não fosse minha matéria, o hospital fecharia as portas”, “minha reportagem prendeu os bandidos”. Menos, menos. Quem prendeu, quem lacrou, quem não permitiu, enfim, foram os órgãos competentes (polícia, justiça), e não o jornalista. Somos apenas um meio, não o fim. Isso quando não escuto “fui chamado pelo dono da empresa” ou “eu pedi para sair porque não aguentava mais”. Sabemos que poucas vezes é assim. Estrelas. Plínio é jornalista. Não praticante. Ainda bem!
O que me motivou a escrever sobre os dotes de Plinio foi a crônica que ele me enviou por mensagem de áudio, pelo Whats App. Disse ele (a respeito da derrota do São Paulo, por 3 a 1, para o Santos, pela Copa do Brasil) que “o São Paulo tá igual ao Brasil, se acha a referência no futebol. Não é mais. Não é mais o exemplo de organização”. E passou a descrever a importância (ou não) de cada jogador do elenco principal do clube. Descreveu com maestria a ponto de eu, do outro lado, pensar que “o São Paulo nada mais é, atualmente, do que um depósito de jogadores”. A riqueza do cronistas está aí, em permitir a interpretação por parte do receptor (é o que insisto quanto ao famigerado “o que o autor quis dizer?”, tão comum nas escolas; para mim, vale o que quem leu ou escutou interpretou).
Plinio atuou por algum tempo, logo que se formou, em emissora de rádio em Curitiba. Claro, na área esportiva. Depois, enveredou para o comércio alimentício. Ganhamos uns quilos a mais com os quitutes da saudosa Pão Quentinho, lá do Capanema (porque Jardim Botânico, para mim, ainda é Capanema), mas perdemos a inteligência e a versatilidade nos comentários esportivos.

Plínio, meu compadre, pai da minha afilhada Giovana, recebeu de mim, ao fim da audição do comentário de hoje a seguinte intimação: “Cara, vá montar um áudio para o Youtube, crie teu espaço. Teus comentários são acima da média”. Ele não fala mais que dois minutos, mas o suficiente para nos dar a sensação de que existe, sim, vida criativa no mundo da crônica esportiva. Neste meio em que José Trajano é um dos melhores, mas a badalação vai para as estrelinhas perfumadas ou apresentadoras de dotes físicos avantajados ou que muitos pensam que escrevem mas sequer leram um Nelson Rodrigues (que fazia de uma simples jogada a inspiração para sua arte), Plínio não seria o mais paparicado. Ele não precisa disso. Por favor, se forem contratá-lo para ser “um igual”, não o façam. Que Plínio continue livre para comentar. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Lule para todos!

Assim que desembarquei do ônibus, escuto chamarem pelo meu nome. O amigo, logo atrás, foi incisivo: “Teu apelido ‘mais antigo’ não te compromete com os politicamente corretos. Serve tanto para masculino como para feminino: Lule”. E soltou uma gargalhada. Aliás, libertamos as gargalhadas minutos antes de assumirmos a labuta. Como nos conhecemos há quase dois anos, me vi na incumbência de explicar ao amigo a razão da alcunha, como diriam os antigos.
Pus a explicar, no breve caminho entre a parada de ônibus (ou ponto, como dizem por terras paranaenses) e o prédio do Ministério da Saúde: “Quando eu era estudante universitário, em Ponta Grossa, minha primeira morada foi em uma pensão – que mais se parecia com uma república – assumida pelos cerca de 26 moradores (capacidade máxima) como Casa Grande e Senzala, devido ao enorme casarão antigo e seus ‘puxadinhos’ nos fundos. No início do segundo semestre em que já morava no local, apareceu um sujeito vindo do litoral de São Paulo, homossexual e negro. Imagina o preconceito a aversão ao cara, isso no final da década de 1980. Fui um dos poucos que acolheu o rapaz como amigo. Sujeito raro, de bom gosto musical, de educação acima da média e ciente – infelizmente – das chacotas e preconceitos. E, verdade, brincava da própria condição (“Não cheguem perto porque sou gay, eu me apaixono”, e punha-se a rir dele mesmo).
Com o passar do tempo, criou coragem e intimidade para me chamar por Luli, forma carinhosa de abreviar meu nome. O apelido ‘pegou’ no meio universitário e, durante a campanha eleitoral para presidente, os colegas do curso de Jornalismo e do movimento estudantil não perdiam a oportunidade para trocar o refrão do ‘Lula lá’ pelo ‘Luli li, brilha a sua estrela’. Admito que o sangue fervia, subia à cabeça, mas consegui manter o controle e prometi, a mim mesmo, que encontraria o antídoto às chacotas (naquela época sequer se sabia da existência do tal bullying ). Após algumas tentativas, uni as primeiras sílabas do meu nome e sobrenome (Lu, de Luciano; Le, de Leite). Agora, podem me chamar por Lule, anunciava aos quatro cantos.
O apelido ‘pegou’, a ponto de poucos me conhecerem por Luciano, nos corredores da universidade ou no movimento estudantil (sim, também nas salas de aula, quando eu as visitava)”.

O amigo riu e disse: “É, o Lule não fica mal para ninguém e pode ser usado em qualquer gênero”. Sim, como cantava Pepeu Gomes, “no masculino e no feminino”. Muitos contemporâneos, ao me reencontrarem, já me perguntaram com reservas se “ainda aceito ser chamado por Lule”. Lule, sempre! Nem qualquer titulação, nem qualquer elevação profissional e sequer o tempo serão capazes de obstruir o Lule.

Em tempo: contei ao amigo sobre as provocações vindouras, à época, de um amigo do movimento estudantil que, para me cutucar, escrevia na lousa "Lully", em lilás, para organizar a ordem de fala de cada companheiro. "Não vou falar, passo a vez, não sou 'Lully', sou Lule". Era bronca temporária, eu era e sou Lule de qualquer jeito.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A garota tem cara de indiazinha

Os dotados de paciência e amizade para aturar meus textos já devem ter lido os relatos de meus contatos com a miséria. Os primeiros contatos, das cenas que desde piá curitibano eu tenho da pobreza, da esmola, da carência de oportunidades daqueles que são meus iguais. Iguais naquela situação pútrida? Difícil fazer uma criança compreender, principalmente quando a atmosfera dela é blindada. Um comparativo com a história do Pequeno Buda, que era proibido pela corte de ter contato com a velhice, com a doença, com a miséria e com a morte.
A pobreza da minha memória, até então, não me fazia recordar daquele que considero o "contato com o igual não vivia igual a mim". Ou daquela que não usufruía das mesmas regalias e oportunidades. E devo a uma pessoa que hoje está acamada, impedida de dar um passo sequer sem a ajuda de terceiros e que perdeu sua linha de raciocínio, o elogio ao meu gesto de solidariedade.
O piá curitibano deveria ter lá seus seis anos e ao portão de ferro da casa de madeira dele - quem sabe a mais rejeitada por um vizinhança comportadamente estúpida (a história da casa de madeira irá, sim, em breve render outra crônica) - uma garotinha também próxima da sua idade dizia a tão famosa frase que os pedintes repetiam lá pelos anos 70: "Tem pão velho pra dá?". Após indagar a mãe, o piá foi ao encontro da "menina que parecia uma indiazinha", segundo ele, devido à longa traça e rosto arredondado dela, com alguns pedaços de variados tipos de bolos e tortas. A casa do piá não estava anexa a nenhuma padaria ou confeitaria. Dias antes, seu aniversário havia sido celebrado.
A "menina com cara de indiazinha", muito sorridente e de poucas palavras, se esforçava para juntar os pedaços dos doces e ajeitá-los em sua sacola. A cada tentativa vã de arrumar os bolos e doces, ela lançava um sorriso de agradecimento. A inocência de criança levava o piá curitibano à naturalidade de "ela está feliz, ganhou bolos" e jamais o fazia compará-la a uma situação de inferioridade social. Ela era, para ele, uma igual. Sem posses, apenas feliz pelos bolos. Tão logo conseguiu empanturrar a sacola, a "garota que tinha cara de indiazinha" se despediu com um breve sorriso e, lá da esquina, acenou novamente.
O que para mim teria se encerrado ali, ganhou vida e importância à noite, quando minha mãe comentou com minha irmã mais velha: "Hoje uma garotinha veio pedir esmolas aqui. Pedi para o 'Lu" levar a ela pedaços de doces que tinham sobrado da festa. Que felicidade dela. E mais bonito foi vê-la se despedir com ar de alegria, não é mesmo Lu?" Ainda confuso pela razão da "tamanha festa" da menina com cara de indiazinha, respondi um lacônico e quase preso "sim".
O certo é que a imagem da felicidade da "indiazinha" ficou guardada como a definição e demonstração de que os iguais nem sempre estão em iguais condições. No entanto, a gratidão e a felicidade deles é desigual, ímpar e sincera. Lamento que quem me despertou para o divisor entre os iguais e as desigualdades não possa relembrar comigo. O que importa é que ela me mostrou o caminho. E que a garota com cara de indiazinha certamente festejou por ter se sentido uma igual.

Desafinada lembrança

Pai alucinado briga com o filho e promove quebra-quebra dos móveis em casa porque o garoto escutava músicas de Luan Santana. Indignado, o homem disse ter feito o filho escutar Raul Seixas desde o berço. E a metamorfose ambulante do garoto afetada pela maluquice beleza do pai foram tão sinceras quanto as postagens nas redes sociais com recados ao estilo “eu lembrei de ti (de mim, obviamente)”. Ironia, crítica, escracho. Cada recado tinha um tempero.
Certamente sou a mosca que pousou na sopa do sertanejo universitário, com o qual prefiro encarar com meus óculos escuros. Ante a qualquer manifestação e coreografia metódica dos mocinhos de calças apertadas e chapéu de cowboy (em que muitos sequer conhecem a região rural tupiniquim), eu prefiro falar na sociedade alternativa. Desde que a alternativa, no caso dos sertanejos, seja a da música caipira de raiz.
Aos olhos, ouvidos e opiniões dos que “pegaram no meu pé” (ou fugiram ao meu tom), eu teria reação idêntica caso flagrasse meu filho escutando luans, telós, luccos ou um “tche-rê-rê-tchê-tchê” (é assim que se escreve? Só sei que é assim que se canta). Certo ou errado, eu prefiro é ir aos domingos dar pipocas aos macacos. E confesso que estou decepcionado! Toca Raul!

Aviso aos navegantes (principalmente aos que me cutucaram, mas que eu tenho certeza não gostam nadinha do Luan Santana e, certamente, teriam o mesmo frenesi se vissem seus filhos escutando o menino bonito soltando sua voz): não proibi e nem quebrei os móveis lá do apartamento porque simplesmente não tenho filho. Por isso, o risco é zero. Agora, peço licença pois alguém escuta Luan Santana, preciso quebrar alguns móveis.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Ele odeia os comunistas, mas eu gosto dele

O conheço desde meus vinte e alguns anos e jamais ficamos do mesmo lado (apesar de jamais termos tornado inimigos). A complexidade dessa relação em que cada um no seu lado, mas caminhando juntos é aguçada com o dia em que ele ofereceu apoio à minha nova função: a de presidente do Centro Acadêmico de Jornalismo, nos áureos tempos da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Não neguei apoio. Fui grato a ele. Teve a decência que muitos “ao meu lado não tiveram”. Pronto, acendi a bomba e joguei no colo da história.
Basta um “comuna” assumir o poder, ter espaço para se manifestar ou para a sua voz e ele descarrega seus impropérios feito o mais feroz dos cães que ele cria em seu canil. Seus cães, na verdade, são dóceis. Ele também o é, desde que nenhuma bandeira vermelha tremule à frente dele. Reza a lenda que é tão revoltado com “os vermelhos” que proibiu a filha de ter o livro “A Bela Adormecida” na biblioteca de casa, uma vez que a capa era, claro, vermelha. Permitido apenas a obra “O Vermelho e o Negro”, certamente porque ele é flamenguista. Doente. Flamenguista doente não seria redundância? Por favor, sem reações de arquibancada, foi apenas ironia. Da vida real. Adoro provocar. E depois correr.
Espero que meu camarada (ai, é chamamento de “comuna”, ele vai me estraçalhar) jamais tenha ido ou ainda sonhe em ir à Espanha, mais precisamente às touradas de Madri (eu não vou por abominar tal modalidade que insistem classificar como “esportiva”, “histórica” e “cultural”). E acredito que, pela mesma razão, o anticomunista também nem chegue perto. Porém, o que mais o incomodaria seria o toureiro tremular o pano vermelho. Meu camarada faria a arena inteira vir abaixo.
Contradição. Odeia vermelhos, mas tem adoração por um clube rubro-negro. É rubro, não é vermelho. Boa saída vocabular que arrumei para ele. Contradição maior ainda é ele abominar “comunas”, mas sempre procurar por seus amigos socialistas (que não são “comunas”).

Por fim, fato comprovado é que no início de 1994 ele me encontrou em uma esquina de Ponta Grossa, em janeiro daquele ano, enquanto eu me encaminhava para a redação do Jornal da Manhã, onde eu era estagiário, para me perguntar se “podia entrar na festa em homenagem ao Lula”. De imediato respondi que sim, que o acesso era livre. Eu não fui. E até hoje não sei se ele foi. E jamais assumirá sua presença. O anticomuna tem uma relação de ódio e ódio com os vermelhos. Porque ódio com ódio resulta amor, furor, paixão, atração. Das mais fogosas representadas pelo mais vivo vermelho do sangue quente que se espalha pelo organismo. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Você fica mais bonito com barba

Ele postou foto nas redes sociais ao lado da amada. Sem barba. O conheci e o reconhecia pela barba. Que emoldurava seu rosto e destacava os contornos da beleza e jovialidade. Estranhei que ele estivesse sem barba. Alguma revolta ou pedido (exigência) da amada? Conversão a alguma seita ou religião? Condição imposta por algum contratante ou parceiro comercial? Ou seria a marca para um novo papel do próximo espetáculo teatral? Não precisa me responder. Não precisa se justificar. Não precisa detalhar. Nenhuma das alternativas e a amizade segue a mesma. Se ele se sente bem sem a barba, se ele as deixou de molho por conta própria e que o rosto liso não lhe mostre nem mais velho e nem mais novo, é solução dele.
Resolvida a dúvida jamais esclarecida da razão dele ter raspado a barba (e cabelo, bigode e axilas), só me restou frisar que o acho bonito. Antes que algum reacionário, sem graça alguma resolvesse disparar seu gracejo infeliz, fui incisivo: "Sim, acho homens bonitos. E eles podem ser conhecidos, desconhecidos, reconhecidos, amigos, inimigos, heterossexuais, gays, meninos, jovens, adultos, "maduros" - quando é que ser assim apodrece? - velhos, vivos ou mortos (Marcelo Mastroianni é lindo nas fotos. E Frank Sinatra? Olhos azuis que me encantam tal qual sua voz de veludo)". Por emitir opinião acerca da estética dos meus (do mesmo sexo) e eu viro homossexual, desconfiam da minha masculinidade em fração de segundos. 
A ditadura da beleza oposta - ou da opinião a respeito da beleza oposta - me impediria de cantar, por exemplo, a canção que fez sucesso na voz de Fafá de Belém "ah, meu homem, você é demais"? Só porque o homem da música "faz amor tão bem, como ninguém ele faz"? Um adepto do pseudomoralismo e defensor da família constituída pelo estatuto me jogaria pedras, me lançaria aos leões. Ora, leões têm juba? Se depilássemos os reis da selva eles perderiam a beleza tal qual meu amigo? Disso eu não tenho certeza, mas o certo é que raspando, tosando, cortando qualquer excesso da cabeça, do rosto ou dos braços de um ultraconservador, eu jamais retiraria dele a estupidez de seu pensamento insano e irracional. 
Cantarolarei Caetano: "Ele me deu um beijo na boca e me disse/ A vida é oca como a toca/
De um bebê sem cabeça". E sem barba? Sem moral, é pior.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Ingestão eficaz

Reproduzo o que escrevi em 28 de outubro de 2013, no quarto de hotel na cidade baiana de Luís Eduardo Magalhães. Devido à data, imagino que seja o período em que decidi mudar para uma capital. E fui exagerado, já quis engolir a geografia com a capital federal. E como diria a "tia da escola...o que o autor quis dizer?". Nada, devem responder os alunos (educandos ou aprendizes, como qualquer pedagogo preferir se referir). Em suma, são eles, a plateia educanda que deve interpretar. Mas eu, confesso, queria dizer muito...tudo..."tá na hora de mudar".


Ingestão eficaz


Sozinho! Pálido! Transgressor!


Não me convencem as notícias em demasia
como se o excesso de informações me ditasse normas para eu me letrar.

Nem vago, nem erudito. Talvez vago em meio à turbulência de dados.

Confuso. Inerte. Letargia que se instala e me corrói.

Os blocos rasurados são a fonte de trabalho.

A tela vazia do computador implora para ser preenchida.

Resisto. Olho pela janela a essência do tédio.

Árvores estáticas, sem derrubar uma mísera folha. O pó passeia sufocando o ar.

Desço as escadas na ânsia de encontrar o diferencial.

Mergulho no copo de cevada.

Enjoado do paliativo enganoso, peço outro copo. Vazio.

O conteúdo deixo por conta do meu ignóbil talento de coqueteleiro.

Encho-o de veneno. Copo com veneno. 

Saída.

Reapresentação

A superexposição nas redes sociais - por questões de "comodidade" e de letargia - me fizeram expor tudo quanto é texto desaforo em locais, diria, inadequados. "Melhor você fazer um blog?", diziam e desdiziam. Mas eu "tinha" dois blogs, porém estavam inacessíveis (um, era o "famoso" Notícia de Segunda, com foco na Série B do Brasileiro; o outro, o Luciano Demetrius). E quem era o santo que conseguia acessar o login para atualizar os espaços? Se não estou tão bem (des)informado, os referidos espaços pertenciam a um servidor cujas atividades seriam expiradas (copiei e colei tudo nas nuvens). Para minha surpresa, os blogs estão lá, apesar de não reconhecidos por este mesmo Blogger com o qual "reinicio" o incômodo a vocês. Por ora, textos, dicas e opiniões dos mais variados assuntos (preferencialmente cultura, esportes, política). Em breve, se a paciência permitir, retomo os blogs segmentados.